A alta, que é a maior desde o fim de 2015, reduziu a margem de lucro das empresas. Mas os produtos brasileiros ganharam competitividade no mercado externo, pois os preços cresceram mais no mercado internacional
Os custos da indústria subiram 2,4% no primeiro trimestre do ano na comparação com o período imediatamente anterior, descontados os efeitos sazonais. Foi o maior aumento registrado desde o fim de 2015, informa o Indicador de Custos Industriais, divulgado nesta quinta-feira, 12 de julho, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em relação ao primeiro semestre de 2017, os custos da indústria aumentaram 4,9%.
A alta foi impulsionada pelos aumentos das despesas com tributos e com os insumos intermediário. Os custos com tributos subiram 3,5% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2017, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o primeiro trimestre de 2017, os custos com tributos aumentaram 8,4%. “Muitas empresas estão pagando os impostos atrasados e há também o efeito do programa de refinanciamento das dívidas tributárias”, explica o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
Os custos com bens intermediários cresceram 3,2% no primeiro trimestre frente ao quarto trimestre de 2017, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o primeiro trimestre de 2017, a alta foi de 5,8%. Neste período, os bens intermediários nacionais subiram 5,1% e os importados, 9,7%. O índice de custo com energia aumentou 2,4% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2017. Na comparação com o primeiro trimestre de 2017, a alta foi de 7,1%.
QUEDAS - Os custos da indústria não subiram mais por conta da queda das despesas com pessoal e com capital de giro. Os custos com pessoal diminuíram 0,2% e o com capital de giro teve queda de 3,1% no primeiro trimestre frente ao último trimestre de 2017, na série dessazonalizada. Em relação ao primeiro trimestre de 2017, o custo com pessoal aumentou 2,2% e o custo com capital de giro diminuiu 21,8%.
“A trajetória decrescente do custo com capital de giro se iniciou no segundo trimestre de 2016”, diz o estudo. São oito trimestres consecutivos de queda do indicador, cuja redução é resultado dos sucessivos cortes na taxa básica de juros.
LUCROS E COMPETITIVIDADE – O estudo da CNI mostra ainda que a indústria não conseguiu repassar o aumento dos custos para os preços. Enquanto os custos subiram 2,4%, o Índice de Preços de Manufaturados Domésticos (IPA-Indústria de Transformação) subiu 1,6% no primeiro trimestre. Com isso, a lucratividade do setor diminuiu.
Embora tenha apertado a margem de lucro, a indústria manteve a competitividade no mercado doméstico. Isso porque o aumento dos custos foi similar à alta de 2,3% registrada nos preços em reais dos produtos industriais importados. No mercado externo, os produtos brasileiros ganharam competitividade, pois o crescimento dos custos foi menor que o aumento de 4,8% verificado dos preços em reais dos produtos industrializados no mercado dos Estados Unidos, utilizado como indicador dos preços internacionais.
Da Agência CNI de Notícias