Depois da forte queda na atividade em maio, a atividade industrial cresceu em junho. A utilização da capacidade instalada subiu para 66%, três pontos percentuais acima do registrado em maio, e voltou ao nível de abril, antes da paralisação dos transportes rodoviários. Além disso, a indústria ajustou os estoques que se acumularam com a greve dos caminhoneiros. O índice de estoques efetivos em relação ao planejado caiu de 53,3 pontos em maio para 50,4 pontos em junho e ficou muito próximo da linha divisória dos 50 pontos, mostrando que os estoques da indústria estão próximos do planejado pelos empresários. As informações são da Sondagem Industrial, divulgada nesta terça-feira, 24 de julho, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A produção industrial voltou a crescer e alcançou 50,8 pontos em junho, ficando pouco acima da linha divisória dos 50 pontos que separa a queda do aumento da produção. Mas o índice de evolução de número de empregados ficou em 48,1 pontos, mostrando queda no emprego industrial. Os indicadores da pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo de 50 pontos mostram queda na produção e no emprego.
De acordo com a Sondagem Industrial, as perspectivas dos empresários para os próximos seis meses também melhoraram. Os índices de expectativa de demanda e de compra de matérias-primas subiram e estão acima da linha divisória dos 50 pontos. Isso mostra que os empresários estão mais otimistas com o aumento da demanda e da compra de matérias-primas nos próximos seis meses. O índice de número de empregados também melhorou um pouco e ficou em 49,5 pontos em julho, indicando estabilidade no emprego industrial. Os empresários também acreditam em aumento das exportações.
No entanto, o índice de intenção de investimento na indústria caiu para 49,4 pontos em julho. Foi a quinta queda consecutiva do indicador, que está 4,2 pontos abaixo do registrado em fevereiro. O índice varia de zero a cem pontos. Quanto menor o indicador, menor a propensão dos industriais para fazer investimentos. “A baixa disposição para investir reflete a queda da confiança dos empresários no desempenho futuro da economia. Há muitas incertezas sobre as eleições e, principalmente, sobre os impactos da tabela do frete e do subsídio ao diesel nos custos da empresa e nas contas do governo”, avalia o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
PROBLEMAS E SITUAÇÃO FINANCEIRA – De acordo com a pesquisa, a greve dos caminhoneiros agravou os problemas enfrentados pela indústria no segundo trimestre. “Na opção de resposta outros, diversos empresários mencionaram não só a paralisação, como também a questão da criação de uma tabela de fretes como um dos maiores problemas enfrentados no primeiro trimestre”, informa a CNI.
No topo da lista dos principais problemas, aparece a elevada carga tributária, com 39,2% das respostas. Em seguida, com 30,3% das menções, está a demanda interna insuficiente. Em terceiro lugar, com 26,9% das assinalações, aparece a falta ou o alto custo da matéria-prima. Em quarto lugar, com 26,6% das respostas, os empresários citam as dificuldades de logística e transporte, e, em quinto lugar, com 21,8% das assinalações, a taxa de câmbio.
A Sondagem Industrial mostra ainda que as condições financeiras das empresas pioraram no segundo trimestre. O indicador de satisfação com a situação financeira caiu para 45,3 pontos e o de satisfação com o lucro operacional recuou para 39,9 pontos. Foi a segunda queda consecutiva dos dois indicadores que estão abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa a satisfação da insatisfação.
O acesso ao crédito também ficou mais difícil. Depois de sete meses consecutivos de alta, o indicador de facilidade de acesso ao crédito caiu para 36,9 pontos, mostrando que o acesso ao crédito está mais difícil que o usual.
Esta edição da Sondagem Industrial foi feita entre os dias 2 e 12 de julho com 2.159 empresas. Dessas, 900 são pequenas, 770 são médias e 489 são de grande porte.
Da Agência CNI de Notícias